quinta-feira, 2 de agosto de 2007

RESTAURANTES A QUILO

Outro dia passei à frente de uma senhora na fila do restaurante a quilo. Ela reclamou. Eu disse que não gostava de salada, mas não adiantou de muito. Ela estava mais preocupada com suas etiquetas do que com meu paladar. A verdade é que ela empacou nessa sessão e, já que não sou muito assíduo às plantas, pulei direto para meu arroz com feijão.

Eu, que já não gostava de restaurantes a quilo por um motivo que digo já, epifanei mais um na irritação da senhora: a fila. A lenta, impessoal, gordurosa e à vapor fila do buffet. Uma engrenagem de bandejas se entuxando umas às outras. A linha de produção da bóia de fábrica. Sua única opção é ir para frente. Voltar para uma cebolinha em cima do bife é impossível. É cara feia na certa, uma pressão danada. Dizem por aí que toda refeição é sagrada. Mas não esqueçam, irmãos: a tranquilidade deve começar na hora de fazer o prato.

E fazer o prato é o outro motivo pelo qual evito restaurantes a quilo. São tantas e tantas opções que fica difícil manter a coerência. Tem de tudo. E tudo, mesmo espirrado e remexido, lindo e apetitoso. A gula incha primeiro que a pança. É por isso que eu sempre faço um reconhecimento pelo buffet antes de fazer o prato. Desenho todo o plano, vejo o que vai bem com o quê, vou e volto inúmeras vezes para eliminar as dúvidas e as surpresas. Podem me achar maluco ou inspetor da vigilância sanitária. Mas e daí? Pelo menos não vou comer melão, feijoada, tomatinho cereja e sashimi ao molho curry.


João Vereza
Joao_vereza@yrbrasil.com.br

Um comentário:

Renata disse...

misturando ou não você não come é nada.