quinta-feira, 2 de agosto de 2007

Basta! (agora também digital)

Chega destas malditas correntes. Chega de gente que eu não conheço dizendo que eu vou ficar broxa em sete dias se não repassar a mensagem para cinqüenta pessoas. Não me importo, não vou mais me abalar em saber que alguma criancinha está com uma doença raríssima e vai morrer em seis meses se não juntar cem mil dólares. Na verdade talvez eu me importe, mas na vida real, não mais na minha caixa de e-mails. Não me interessa se estão fazendo lobotomias em coalas da Nova Zelândia para produzir a essência de algum perfume novo. Um foda-se hiperbólico para o novo golpe que está sendo aplicado pelo celular, vão pro inferno com a falácia da banheira cheia de gelo e, definitivamente, não me venham mais com a história da leptospirose na latinha. Eu realmente não posso fazer nada se a Nike usa crianças desnutridas na Índia para fabricar seus tênis, a um dólar por dia. E também não adianta vir dizer que o remédio tal está matando gente e já foi até proibido em Connecticut. Nunca, sob hipótese alguma, eu vou deixar de tomar o Imosec quando houver necessidade. Não, eu não sei onde está o seu primo que tem problemas mentais e foi visto pela última vez na Rodoviária de Ribeirão Preto trajando calça jeans, blusa branca e tênis. Também não vi seu labrador, seu hamster ou sua calopsita.

Não contem comigo para deixar de comer no Mcdonalds no dia tal, mês tal. Nem para evitar fazer ligações por determinada companhia telefônica em outro dia qualquer. Eu posso até imaginar os executivos dessas empresas babando de tanto rir, diabólica e freneticamente, cada vez que recebem uma bobagem desse tipo em sua caixa de correios.

Parem com o maldito reply all. Não dá pra entender o que passa pela cabeça de um sujeito que dispara uma resposta a dezenas de e-mails simplesmente para dizer “hahaha” ou “boa”. Se a vontade for incontrolável, ao menos tenha a decência de enviar apenas ao remetente.

Se algum dia na vida eu cometesse a sandice de espalhar uma corrente, seria para propor um abaixo-assinado que tivesse o objetivo de instituir a pena de morte para o criador do power point e dos arquivos pps.

Não é que eu tenha perdido a sensibilidade ou esteja fugindo de problemas. Acontece que só quero enfrentá-los na vida real. Ao ler meus e-mails, serei tão frio quanto o carrasco que empurra a própria mãe no cadafalso. Se você é meu amigo e está com problemas, me ligue, farei de tudo para ajudá-lo. Se você não tem meu telefone, provavelmente não devemos ser tão amigos assim, e por isso eu não sou mesmo a pessoa mais indicada. Boa Sorte.

Danilo Maia

Um comentário:

Naty disse...

maravilha!!!

Adoro esse mau humor!!!!!

indo pros favoritos agora!!!

RSS ativado!!!!